08 novembro 2005

Montemor - Loures

MONTEMOR
A história desta aldeia passou a ser conhecida, segundo a tradição, no século XVI.

In “Portugal Antigo e Moderno – Diccionario” de Pinho Leal, Volume V, páginas 484 e 485, editado em 1875


MONTE-MÓR – aldeia, Estremadura, freguesia de Loures, concelho dos Olivaes (agora Loures), comarca, distrito administrativo, patriarcado e 14 km a Norte de Lisboa. Esta povoação situada em um alto monte, de onde lhe provêm o nome. No seu píncaro está a ermida de Nossa Senhora da Saúde.
Segundo a tradição, a origem desta capela é a seguinte:

A 15 de Outubro de 1598, terá tido início em Lisboa, propagando-se pela maior parte do reino, uma terrível peste, que durou cinco anos, matando muitas mil pessoas.

Muita gente de Lisboa terá fugido da cidade, procurando as aldeias e particularmente as que – como esta – pela sua elevada situação, ofereciam um clima mais saudável.
Para aqui vieram então algumas famílias de Lisboa, trazendo uma delas, uma imagem da Santíssima Virgem (que é a mesma que ainda se venera nesta ermida), à qual logo construíram uma pequena ermida, ou nicho, prometendo-lhe aumenta-la se a peste terminasse.
Em 1603 acabou o contágio, e não se esqueceram do seu voto: mandaram edificar logo uma bonita capela, que a devoção dos fiéis ainda ampliou depois; Por volta de 1700, terá sido acrescentada uma boa tribuna de talha dourada.

As paredes da capela-mor foram desde o seu princípio revestidas de bonitos azulejos, e em 1626, os irmãos da confraria da Senhora mandaram forrar de azulejos o corpo da capela, o que consta da inscrição dos mesmos azulejos.

Em frente da capela há um bonito alpendre com seu átrio, de onde se goza um dilatado e formoso panorama. O tecto deste alpendre está colocado sobre quatro colunas, quadradas, de mármore, tendo na arquitrave do centro esta inscrição:

ESTE ALPENDRE MANDOU FAZER
MIGUEL TOSTADO DA MAIA
À SUA CUSTA EM O ANNO DE 1621

No interior existe um coro, púlpito e sacristia.
A capela-mor chegou a ser fechada por grades de pau-santo [que já não existem].
Os povos destas terras têm muita devoção com esta imagem de Nossa Senhora da Saúde, à qual atribuem muitos milagres.

A inscrição em azulejos na parede lateral:
LOUVADO SEJA O SANTISSIMO
SACRAMENTO
A PUREZA DA VIRGEN MARIA
COMSEBIDA SEM PECADO
ORIGINAL
SENDO IVIS MANOEL DA C
OSTA DESTA CONFRARIA DE
N. S. DA SAVDE MANDOV FAZER
AS DVAS PAREDES GRANDES
DASVLELO A SVA CVSTA E DEVA
SAÕ E A DEMAISOBRA DEBAXO
DO CORO MANDRAÕ FAZER OS
MORDOMOS Q ENTÃO SERVIAM
ANO DE 1626


Existem no interior duas peças datadas: um lavatório em pedra de 1690 e um cofre, também em pedra para a recolha de esmolas, com a data de 1781.
Em Montemor, assim como em Caneças e outras aldeias saloias, até meados do século passado, eram lavadas as roupas de muitas famílias de Lisboa, sendo transportadas pelas lavadeiras. Este assunto foi retratado no famoso filme “Aldeia da Roupa Branca”.

Posteriormente a esta fundação (ou talvez repovoação) desta terra, são conhecidos poucos factos com ela relacionados.
Existe muita documentação sobre a vila de Loures, com escassas referências a este monte.
Consta também que a Capela de Nossa Senhora da Saúde foi ocupada após a implantação da República, tendo sido exibido um circo no seu interior. Supõe-se que terá sido dessa época o desaparecimento dos azulejos no seu interior.

Em meados do século passado foi também roubada a imagem de Nossa Senhora que foi posteriormente recuperada pelas lavadeiras de Montemor, em Lisboa.

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